terça-feira, 12 de agosto de 2008

Capítulo 21 – Nem tudo está perdido....

E foi assim que eu vim parar atrás das grades, com este uniforme ridículo de presidiária. O duro de se estar presa, é não ter nada para fazer. Depois de muito reclamar, eles me deram alguns livros para ler. Pelo menos podia me distrair com alguma coisa. Nem para ir ao banheiro temos privacidade o vaso sanitário fica dentro da própria sela. Alguns dias depois de presa e comecei a ter enjôos freqüentes. Inicialmente, pensei que fosse devido a gororoba que a gente come por aqui. Mas, alguns dias depois descobri o porque dos enjôos freqüentes, eu estava grávida.
O bom de estar grávida é que não preciso mais usar aquele uniforme amarelo ou laranja horríveis, não que esta roupa de grávida seja melhor.
Desde que eu fui presa vivo em constante solidão, nem o Téo e nenhum dos meus filhos veio me visitar. A única pessoa que veio me visitar este tempo todo foi meu pai.
_ Pai, você sabe porque o Téo não vem me ver? Será que ele não se importa com minha gravidez?
E meu pai como sempre tentava colocar panos quentes
_ Filhinha, o Téo anda muito ocupado; ele esta viajando muito a negócios nos últimos dias.
_ Negócios, negócios, negócios... e eu? E nosso filho? Será que ele não pensa em nós?
_ Leninha, minha filha, tente ser compreensiva. Tudo isto está sendo um choque muito grande para nós todos.
_ E como você acha que eu me sinto trancafiada aqui? Sem nada para fazer o dia todo? Sem ninguém para conversar? Com um marido que nem liga para nosso filho?
_ Agora você está sendo dramática filha? Você não quer saber da Julinha e o Leo?
Tenho que ser honesta que nem ligo muito para meus filhos, eu queria mesmo que o Téo viesse me ver.
_ Ok, papai! Como as crianças estão?
_ Bom, Leo não voltou mais dos EUA resolveu ficar por lá mesmo inclusive depois de todo o escândalo em relação a você. Já Julinha está sofrendo como nunca por causa do Henrique, ainda mais agora que a Gabriela está intervindo.
Isto realmente chamou minha atenção
_ Como assim?
Então papai contou-me os detalhes...
“Logo que você foi presa, Julinha foi visitar a Gabriela”
_ Oi, tia Gabi. Como você está?
_ Eu estou melhor, minha querida. Mas, entre vamos nos sentar.
_ Ainda bem que você está normal comigo, eu pensei que...
_ Julinha, eu sei separar as coisas. Você não tem culpa nenhuma pelo ocorrido. E como você está se sentindo em relação a tudo isto? Em saber que o Téo é seu verdadeiro pai?
_ É muito estranho. Eu sempre convivi muito com o Téo e o adoro, mas eu ainda sinto como se o Roni fosse meu pai, sei que é estranho, pois nos últimos anos eu convivi mais com o Téo em casa que com meu pai, mas...
_ Não vejo nada de estranho nisto. Eu sei o quanto você era apegada ao Roni, não tinha um dia que vocês não se falassem e isto um exame de DNA não pode mudar.
_ Não, não pode.
_ Mas, eu sinto que tem algo mais por trás da sua tristeza.
_ Tem sim, tia. Agora que eu pensei que o Rick eu fossemos nos acertar, ele não quer nem mais falar comigo. Diz que a culpa é nossa, que se nós nunca tivéssemos...
_ Entendo....
_ Tia Gabi, que queria que você falasse com ele. Afinal nos não tivemos culpa alguma do ocorrido.
_ Eu sinto muito Julinha. Mas, eu não poderia te ajudar...
_ Mas, porque não?
_ Eu não culpo vocês por nada disso. Vocês não têm culpa alguma da loucura da sua mãe. Ela certamente é uma pessoa doente, e só Deus sabe quantas atrocidades mais ela poderia fazer na vida. Mas, eu criei o Rick como a um filho. Eu entendo o sofrimento dele, o sentimento de culpa. Pois é mais que a morte do pai, eles nunca mais se falaram após aquela noite, o Rick saiu daqui brigado com o pai. Eles nunca mais terão a chance de fazerem as pazes. E isto sempre será uma sombra no relacionamento de vocês, vocês nunca conseguiram ser felizes com tanto sofrimento que esta história trouxe para vocês. _ Tia Gabi, mas nós nos amávamos tanto. Ele não pode simplesmente...
_ Eu sei minha querida. Mas, neste caso é tanta dor, remorso e culpa; que eu prefiro ver o Rick com outra pessoa que poderá trazer novas esperanças a vida dele do que vê-lo contigo e com a sombra de tudo que aconteceu com a história de vocês.
_ Eu, eu só pensei...
_ Não me leve a mal Julinha. Eu gosto muito de você e espero que você também consiga superar tudo isto e encontre alguém que te faça feliz sem tanto peso e culpa como é a história de vocês. E além do mais, olha como o Rick está diferente do adolescente que você conheceu... _ ... ele já está praticamente um homem, enquanto você ainda é uma adolescente. Logo, ele vai encontrar uma nova moça na faculdade e esquecer este romance adolescente que vocês tiveram. _ Julinha ficou arrasada com tudo isto, mas creio que neste caso realmente seja o melhor. _ Com certeza é melhor, papai!!! Ao menos nem tudo foi perdido...

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